A comunidade de jogadores continua a expressar sua frustração com a longa espera por The Elder Scrolls 6. O anúncio do jogo, que já se tornou lendário, agora é alvo de críticas e memes, especialmente com os rumores de uma nova geração de consoles da Microsoft se aproximando.
Uma Geração Inteira se Passou
The Elder Scrolls 6 foi revelado em 2018, em uma era que parece distante, antes mesmo dos nomes “PlayStation 5” e “Xbox Series X” se tornarem realidade. Quase cinco anos após o lançamento dos consoles atuais, a quantidade de informações concretas sobre o jogo é a mesma de quando foi anunciado: praticamente nula. Com novos rumores sugerindo que a próxima geração do Xbox pode chegar já em 2027, os jogadores enfrentam a possibilidade real de atravessar uma geração inteira sem um novo título da franquia principal. E não, edições comemorativas de Skyrim ou remasters de Oblivion não contam para essa estatística.
“É frustrante falar sobre o fim de uma geração quando ainda há jogos anunciados antes mesmo do lançamento dos consoles atuais que não foram lançados”, comentou um usuário no Reddit, refletindo o sentimento geral. Outro respondeu de forma mais cínica: “É melhor se acostumar. Para grandes estúdios, os lançamentos provavelmente ocorrerão a cada duas gerações.”
Exclusividade em Xeque e a Sombra de Starfield
A demora também alimenta o debate sobre as plataformas em que The Elder Scrolls 6 estará disponível. A grande questão é se a Microsoft o manterá como um exclusivo de peso para seu próximo console ou se seguirá sua nova estratégia multiplataforma. A maioria dos fãs e analistas aposta na segunda opção. Com a recente mudança de postura da Xbox, que levou jogos como Indiana Jones and the Great Circle, Doom: The Dark Ages e até mesmo Forza Horizon 5 para o PlayStation 5, parece muito provável que um título da magnitude de TES 6 siga o mesmo caminho para maximizar seu alcance.
No entanto, a espera não é a única preocupação. O último grande RPG da Bethesda, Starfield (2023), deixou uma marca de desconfiança. Embora a franquia The Elder Scrolls seja sinônimo de mundos abertos ricos e cativantes, como o de Skyrim, a ambição de Starfield resultou, para muitos, em uma galáxia vasta, porém vazia e repetitiva. As críticas sobre a falta de coesão e a sensação de exploração superficial fizeram com que o jogo tivesse uma recepção mista, tornando-se um dos títulos menos aclamados do estúdio. Naturalmente, os fãs temem que TES 6 caia na mesma armadilha. Um jogador no fórum r/ElderScrolls tentou acalmar os ânimos: “Por que as pessoas estão preocupadas, como se o jogo não fosse voltar à exploração tradicional, em vez de ser planeta por planeta como Starfield? Me dê um mapa gigante para explorar como em Skyrim ou Fallout 3, e eu estarei feliz.”
Análise: Hell Is Us, um Jogo Sobre o Conflito Humano
Enquanto aguardam por esses gigantes prometidos, os jogadores exploram outros títulos que chegam ao mercado. Um deles é Hell Is Us, um jogo que mergulha de cabeça em sua filosofia sobre a natureza humana em meio à guerra, inspirado diretamente pela famosa citação de Jean-Paul Sartre, “O inferno são os outros”. É um título com uma mensagem poderosa, mas que serve de pano de fundo para uma experiência soulslike que, em sua essência, é apenas mediana.
Uma Nação Dividida pela Guerra
A trama se passa na nação fictícia de Hadea, isolada do mundo por séculos. O jogador controla Remi, que foi contrabandeado para fora do país quando criança e passou a vida tentando retornar. Ao finalmente cruzar a fronteira, Remi encontra uma terra devastada por uma guerra civil entre duas facções religiosas, os Palomistas e os Sabinianos. Ambos adoram o mesmo deus, mas suas diferenças teológicas os lançaram em um ciclo milenar de conflito, perseguição e vingança.
Como se a guerra não fosse suficiente, Hadea é assolada por monstros bizarros conhecidos como “Hollow Walkers”, que surgiram misteriosamente. Textos antigos descrevem o evento como uma “Calamidade”, e o objetivo de Remi é descobrir sua origem e encontrar uma forma de detê-la. A investigação da Calamidade acaba se entrelaçando com as origens da própria guerra, embora a história principal se concentre mais em uma caça a relíquias do que no conflito em si.
A guerra, no entanto, é fundamental para construir a atmosfera opressiva do jogo. Cada cenário transmite uma sensação de pavor e desolação. A iluminação e os efeitos de fumaça são visualmente impressionantes, criando uma beleza sombria e assustadora. A trilha sonora e o design de som complementam essa sensação, mantendo o jogador constantemente em alerta.
A Mensagem por Trás do Caos
Hell Is Us adota uma postura clara: ambos os lados do conflito são igualmente culpados. O jogador testemunha atrocidades cometidas por ambos, como assassinatos em massa e estupros, refletindo de forma assustadora os horrores de guerras reais. Vemos como a propaganda e o preconceito geracional condicionaram as pessoas a odiar e temer o outro. Em meio a esse ciclo de violência, estão os cidadãos comuns, que não se importam com o ódio e só querem sobreviver.
Isso é explorado em uma série de missões secundárias chamada “Boas Ações”, onde Remi ajuda civis que não se entregaram ao ódio. Embora alguns possam interpretar a neutralidade do jogo como uma falta de posicionamento, a verdadeira mensagem parece ser que devemos focar em ajudar aqueles dispostos a receber ajuda. Sempre haverá pessoas presas em seu próprio rancor, então o melhor é dedicar energia àqueles que aceitam uma mão amiga, mesmo que venha de alguém com quem não concordam.
Jogabilidade: Entre Puzzles e um Combate Fraco
A jogabilidade principal gira em torno da busca de Remi por relíquias em diferentes áreas de mundo aberto. A exploração de masmorras repletas de monstros e a resolução de quebra-cabeças ambientais compõem a maior parte da experiência, que dura mais de 25 horas. Os quebra-cabeças da campanha principal são interessantes, atingindo um bom equilíbrio entre o desafiador e o frustrante. Já as missões secundárias podem ser problemáticas, muitas vezes exigindo que o jogador encontre um item específico sem qualquer indicação clara de sua localização.
É no combate, porém, que o jogo tropeça. Apesar de a guerra ser o cenário central, os confrontos deixam a desejar. A mecânica soulslike parece superficial e carece do peso e da precisão que definem o gênero. Os inimigos são repetitivos e os movimentos de Remi, pouco responsivos. O resultado é um sistema que se torna mais uma tarefa cansativa do que um desafio gratificante, minando o potencial de uma narrativa e atmosfera tão bem construídas.